segunda-feira, 28 de julho de 2014

Apesar de existirem chocos durante todo o ano, existe uma altura em que o comportamento dos chocos permite-nos fazer pesca apeada.
A altura do ano a que me refiro, é o intervalo entre os equinócios, geralmente marcados pelas maiores marés vivas. O equinócio da Primavera que acontece em Março e sinaliza o inicio da respectiva estação do ano, Primavera e é responsável por uma das maiores marés do ano que será na  primeira lua cheia após o acontecimento astrológico. A conhecida "maré dos Ramos". Noutras épocas, as populações dirigiam-se á costa em forma de procissão para na sua baixa mar apanhar polvos e todos os tipos de marisco.
O equinócio seguinte, o de Outono, marca o inicio certamente do Outono e tal como na anterior, a subsequente lua cheia ao evento, tem uma amplitude igual. Esta segunda maré não tem uma conectividade religiosa como a primeira (Pascoa) por isso não tão popular, mas nós homens do mar nunca perdemos esta maré pois é a altura das navalheiras.

Estes acontecimentos astrológicos são as marcas para o comportamento do choco. Na Primavera, dirigem-se para os baixios, como estuários, baías ou enseadas razas e sobretudo arenosas para o acasalamento e subsequente desova. Enquanto podemos pescar ao choco de barco todo o ano, somente neste intervalo de datas é viável fazê-lo de terra.
Atenção, a pesca ao choco embarcado é uma pesca completamente diferente, não confundir.

A amostra que se usa, está na classe das toneiras, e portanto não tem barbelas o que obriga o pescador a nunca folgar a seda/linha desde o momento da ferroada até á recolha em terra.
A amostra que se usa representa um camarão e chama-se "palhaço" e tem um peso (chumbo), ao contrário dos "palhaços" para a pesca embarcada, que não tem peso, portanto, 100% flutuantes e que representam um peixe.

Na imagem ao lado somente a do canto inferior direito nos servirá para esta pesca, sendo as por demais "palhaços" para a pesca ao choco embarcada.

Uma boa cana de spinning com uma acção muito baixa é o aconselhado, pois falamos de uma amostra/palhaço que terá um peso de 3 ~ 3,5 gramas de lastro mais o peso do plástico, total de ~6 gramas.
O recolher, também é muito importante para o sucesso. Com uma amostra/palhaço tão leve, uma recolha rápida faz com que o palhaço suba muito em relação ao fundo. Será necessário uma recolha lenta pois os chocos estão junto ao fundo e raramente sobem 1 metro acima deste.
Lembre-se que o choco aproxima-se da presa de frente e nada muito devagar neste sentido. O choco como a lula só tem força e velocidade a nadar para trás quando usa o seu jacto de água para se impelir, daí a recolha ser lenta para permitir o choco se aproximar do camarão palhaço.

Como já acima foi mencionado, os acontecimentos astrológicos mandam no comportamento dos animais. Chegando o principio de Setembro, já quase todos os chocos fizeram a sua desova e lentamente deixam estas zonas de baixios.

Os ovos são colocados nestas zonas baixas para que a rebentação os oxigene bem, mas trás um senão. A ondulação muitas vezes soltam os ovos das pequenas pedras ou até pedaços de madeira e detritos que entram nos estuários, onde os chocos os colocaram. Quem não se lembra de encontrar um cacho de ovos na praia. Quando frescos, são transparentes nas com o passar de uma ou duas semanas são negros caviar. Da próxima vez que os encontrar em terra, jogue de volta para o mar.  Pode até não ser tarde para salvar 2 ou 3 chocos.

Para terminar, um filme para se aperceber como deve ser trabalhada a amostra palhaço de maneira a permitir o choco apanha-la.



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